A maternidade pode ser definida como o amor mais
puro, o laço mais profundo, a doação mais perfeita, a integração mais divina
representada por mãe e filho.
Além disso, mãe é coisa universal. Não importa a cor,
a cultura, a classe social. Em toda parte do mundo quando o filho chora a mãe
acode. Quando está em perigo ela o protege. E quando o filho chama, ás vezes só
pelo prazer de falar “mãe”, ela responde.
Mães são guardiães da vida. Quando a criança ainda
está em seu corpo ela o nutre com seu sangue. Quando nasce o alimenta com seu
leite. E pela vida afora mães cuidam de seus filhos o que é uma forma de estar
sempre lhes transmitindo a vida.
Em todas as sociedades, em todos os tempos, a figura
materna é uma das mais respeitadas. Sagrada é a figura da mãe em todas as
religiões e a terra representa a mãe fecunda e dadivosa. Tem mãe de deuses. Tem
mãe de Deus que os cristãos chamam de Maria.
Na verdade, “os antigos viam seu mundo dividido em
duas metades: a masculina e a feminina”. “Seus deuses e deusas agiam no sentido
de manter um equilíbrio de poderes”. “Yin e Yang”. “Quando o
masculino e o feminino estavam equilibrados, havia harmonia no mundo”. “Quando
se desequilibravam, estabelecia-se o caos”. “Cada religião se baseava na ordem
natural e divina”. “A deusa Vênus e o planeta Vênus eram uma só coisa”. “A deusa
tinha um lugar no céu noturno e era conhecida por muitos nomes: Vênus, Estrela
Oriental, Ishtar, Astarte, que são conceitos poderosos femininos vinculados à
natureza e à Mãe Terra”. (Dan Brown).
Os egípcios antigos buscavam segurança criando
técnicas mágicas para auxiliá-los na morte e desenvolviam cultos para deusas e
deuses que pudessem ajudá-los. Entre os mais importantes estavam Ísis e Osíris e
com relação a eles produziu-se no Egito Antigo um mito e um culto. Ísis, que era
esposa e irmã de Osíris recuperou seu corpo após ter sido ele morto por seu
maligno irmão Set, tornando-se Osíris o deus que ressuscita. A deusa concebeu
Hórus, filho de Osíris e, como mãe zelosa o criou em isolamento para protegê-lo
dos perigos. Hórus cresceu forte e tornou-se um deus nacional e o ancestral dos
faraós, que chamavam a si mesmos de “Hórus
vivos”.
Na Grécia Antiga encontramos o par Zeus e Deméter
considerada a Mãe Terra. Zeus e Deméter eram pais de Perséfone, que foi raptada
por Hades, o senhor do mundo inferior para ser sua esposa. Perséfone permanecia
com Hades por quatro meses passando o resto do ano com sua mãe e sua volta ao
mundo da superfície simbolizava o retorno da primavera, quando a feliz Deméter
dava vida às plantas.
No hinduísmo a deusa-mãe se manifesta tanto como
consorte das principais divindades masculinas hindus quanto de forma genérica
que encerra milhares de deusas locais ou
devis.
As deusas benignas e frutuosas são lakshmi ou
Parvati. Kali e Durga são poderosas e destrutivas. Sarasvati enfatiza o papel de
mãe fértil e doadora de vida.
No cristianismo avulta a figura não de uma
deusa, mas de uma Mãe de Deus. Aquela que porta várias denominações sendo uma
só. As orações dedicadas a Maria são dotadas de enorme conteúdo de fé. Entre
elas, a “Salve Rainha”. Dita de forma repetitiva ou mecânica não impressiona,
mas se prestarmos atenção é impactante.
No tocante a pluralidade, que simbolicamente
aparece nas deusas hindus, podemos dizer que existem mães de todo jeito e
feitio. Algumas são suaves e compreensivas, outras impacientes e rigorosas. E
qual mãe já não se enraiveceu diante das travessuras dos filhos pequenos ou dos
erros dos filhos adultos? Mas da palmada ao xingatório, das implicâncias ao zelo
excessivo, tudo é amor de mãe e os filhos compreendem porque nessa relação
especial prevalece uma capacidade infinita de perdão que os homens aprenderam
com Deus.
Sim, tem mãe de todo jeito e feitio. Tem
aquelas que não podendo gerar um filho de sua carne geram um filho do seu
coração. São as mães adotivas, as quais não faltam noites sem dormir,
preocupações e alegrias, desvelos e carinhos que filho
requer.
Tem até mãe que é pai e, porque não, pai que é mãe.
Não dá para omitir que também tem mãe desnaturada que
mata, que abandona o filho ou que mesmo o tendo por perto lhe é indiferente. E
para o filho não há dor maior do que a indiferença de uma mãe. Os órfãos de pais
vivos são muito sofridos e pela vida afora sempre há de lhes faltar alguma
coisa.
Nesse tempo em que valores são perdidos e
outros não são repostos, em que reina a mediocridade e a vulgaridade,
transformações sociais de todo tipo estão ocorrendo sendo que algumas, como não
poderiam deixar de ser, acabam atingindo a instituição
familiar.
Toda moeda tem dois lados e se as mulheres hoje
conquistaram seu espaço, estudando, trabalhando fora de casa, por outro lado as
que são mães ficam um largo tempo longe dos filhos, que desde muito cedo vão
para creches e escolas. E há mães que enchem seus filhos de excessivas
atividades para não tê-los por perto, porque filho dá trabalho. Muitos devem ter
visto um comercial de TV em que uma mãe em um supermercado diz que vai comemorar
o fim das férias dos filhos, que a olham com cara de que não compreenderam tal
comemoração.
Não se trata é claro de criticar o progresso das
mulheres que estudam e trabalham. Mas as mães modernas têm que repensar um meio
de progredir com ser humano e aproveitar os espaços que puderem para conviver o
máximo com seus filhos. Isso porquê, cabe perguntar se toda a violência que se
presencia nas escolas e na sociedade não reflete a falta de bases familiares
mais sólidas. Possivelmente, a crise que se presencia hoje é basicamente uma
crise de falta de amor. E o primeiro amor que o ser humano recebe é o amor de
mãe. Ela é a identificação, a primeira noção de
mundo.
Também as constantes separações de casais,
inevitáveis hoje em dia, trazem consequências nos relacionamentos entre pais,
filhos e irmãos.
Para compensar esses problemas da modernidade têm as
avós, chamadas de mães com açúcar, duplamente mães, duas vezes privilegiadas.
Mais maduras, pacientes e experientes, avós muitas vezes consertam através dos
netos os erros que cometeram com os filhos e enxergam com maior lucidez o
renovar o renovar constante da vida que é seu próprio
renovar.
Que nesse Dias das Mães, de todos os tipos, cores,
culturas, classes sociais que sejam homenageadas também as mães que perderam
seus filhos, lembrando, porém, que elas os guardam para sempre no colo de sua
memória fazendo-os sempre presentes.
E tem mães cujos filhos nascem ou vêm a ter problemas
de saúde, sendo que é nelas que eles encontram força e coragem para ir em
frente.
Para terminar, relembremos a poesia de ....Khalil
Gibran
Arte Augusta Burigo
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