23 de mai. de 2012

NOSSOS POETAS


TOLICE

Anna Peralva




Tolice cercar-me de muros
e vedar portas e janelas.
Encarcerar-me em lembranças
temer que a vida entrasse por elas.

Tolice este silêncio ateu que corróia estesia dos meus sentimentos puros
e viver deserta, quando é primavera!

Tolice estar no labirinto do passado
e não semear no presente esperanças,
tolice este vazio insano da espera...
A alma sem luz, o olhar molhado
nas horas sem poesia onde o corpo dói.


Tolice ainda sonhar com asas quebradas
e presa em mim tentar outro céu alcançar.
Ainda estou lambendo feridas não cicatriza
e apesar da dor, é com você que quero estar!






Fiz, Escrevi e Declamei
Angelo Sansivieri




Fiz-te poemas,
escrevi-te poesias,
você eram os meus temas,
foram sonhos e alegrias.


Elaborei-te versos,
proclamei-te nas entrelinhas,
você era o meu reverso,
das flores, que já não são minhas.


Declamei-te em prosas,
rimando-te de paixão,
você cheirava rosas,
beijando o meu coração.


Juraste-me um amor fraterno,
uma vida de sonhos dourado,
você amava o inverno,
caminhando ao meu lado.


Hoje o inverno se aproxima,
sinto falta do teu calor,
ainda te amo minha menina,
por favor, não deixe – me na dor.




Suspiros
Ariovaldo Cavarzan


Há uma ânsia
a agitar corações,
em descompassos de angústias
e na calma de cada emoção.

Relembranças acodem
feito afiados cinzéis,
demarcando cenários
de torvelinhos cruéis.

Pobres corações,
que ainda não sabem
de quantos soluços
é feita a saudade,
de quantos suspiros
é feita a paixão...




VOLÚPIA
Ary Franco


O suor de nossos corpos aquecidos,
Trocado em cada poro entre gemidos
De duas bocas ofegantes e entreabertas,
Deixava-nos excitados sob as cobertas.


Afagava lentamente cada pedaço teu.
Sentia a delícia de teu gostoso arrepio.
O tempo parou neste nosso apogeu.
Mantinhas os olhos fechados no rosto luzidio.


Por mais tempo, não conseguimos protela
Nossos lábios se encontraram, úmidos e ardentes,
Numa explosão do desejo a despertar.
Enlaçamo-nos, saciados e gementes.


Olhei nossas roupas espalhadas pelo chão,
Testemunhas silentes de nossa paixão.
Como prêmio, vi teus verdes olhos a brilhar.
Satisfeito, mas incontido, tornei a te abraçar.


Inesperadamente, algo me fez despertar.
Fora tudo um sonho que sempre quis realizar.
Triste desdita a minha, de jamais te conquistar...
Mas, em meus sonhos, nada podes me negar!




Prelúdios da Luz
Auber Fioravante Júnior


Lá vem o verbo ecoando,
Planando entre cardinales exóticas,
Trazendo em seus cunhares
O dedilhar embevecido no lábio por do sol!


Em dissonâncias prosaicas
A brisa sussurra, lamenta,
Tece em carinho a palavra bendita

Calando o olhar, alquimiando o navegar!


Mil, são as cores multiplicando canduras,
Criando falsetes, retratando mistérios,
Renascendo em pétalas escarlates
Perfumadas na camomila!

O destino é o coração,
Apontado em fragatas idílicas cancioneiras
Da noite que chega marcada pelo azul
Bordada com brilhantes pela’lma!

Não é só uma palavra
Desabrochando em lirismo,
Mensurando o detalhe do entalhe
É o cálice esculpindo prelúdios da luz!



Na varanda o deslumbre ao brinco prata,
Pelas roupagens o dançar em quimeras
Alçando sonhos sutís, harmônicos,
Como a madrugada do bem querer!






CORAÇÃO TRISTE
Beki Bassan




Hoje meu coração está triste.
O amor traz alegrias e tristezas.
Quando somos incompreendidos,
ou a pessoa amada não entende,
e responde com rispidez.


Mas eu não vou deixar meu coração assim,
Vou respirar, caminhar e sentir se vale a pena
ficar magoada injustamente.
Acredito que não pois um amor não destroi,
pelo contrário ele constroi.


A vida é para ser vivida com alegria,
e este sempre foi meu lema.
Vou pesar na balança e depois,
se eu sentir que não vale a pena,
saio fora e retorno com o coração livre.


Quem sabe uma pequena rusga,
é colocada para entendermos,
que aquele não era a alma gemea,
e agora quem sabe posso encontrar.
Então paro, medito e sei que
com equilíbrio tomarei a decisão certa.




Não me esqueça
Caio Lucas




Hoje acordei marcado no corpo,
também estava me faltando a alma
e um pedaço do coração, um vazio grande,
esta manhã não a encontrei na minha cama.


Falta espaço para tantos sonhos,
teu nome está em tudo que vejo,
teu corpo em todas as mulheres,
teu sabor ainda aqui na minha boca.


Se der, não me esqueça,
tenho corredores vazios dentro de mim,
palavras ficaram soltas no espaço do quarto,
as vontades ainda estão aqui, de ti, por ti.


Confesso que não sei lidar com ausência,
a solidão não é um caminho saudável,
como teus braços, teu colo, tua paixão,
como tudo que me permita ser, até amor.


Não me esqueça, ainda estou viajando
em uma dança infinita de quereres,
vontades e gostos trocados, meu pelo teu,
em um realizar de desejos e de sabores.




Tristeza
Carlos R Lemberg




Esta dolorosa aflição
Que está em nosso coração
Só causa grande consternação


Vamos tirar a mágoa
Procurando viver a alegria
Evitando a depressão
Assim teremos força para
Fazer com que alguém sorria






AMOR E PAIXÃO
Cibele Carvalho




Amor é morno, paixão é quente.
Enquanto o amor aquece,
a paixão incendeia a gente.
O amor é mais coração
- a paixão é pura sensação.
O amor quer palavras de carinho
a paixão exige toques e beijinho.
O amor dispensa a pegada
- na paixão, ela é coisa sagrada.
O amor é universalizado
- o tesão é direcionado.
No amor, o ser amado
não precisa estar ao lado
- na paixão, tem de estar junto,
bem rente ao corpo, colado.
Eu, por mim, já escolhi
- quero viver de paixão,
pois de amor, eu morri
e, agora, quero mais não!






TARDE MORTA
Cida Valadares




Quisera que...
Sonho realizasse
tempo nada levasse
solidão não sufocasse
E esta angústia parasse.




Quisera que...
Sulcos não se formassem...
Varrendo a terra
Em furacões
Empalidecendo as cores
Empoeirando as lembranças
de mortos amores...


Quisera que...
O vento não bailasse
as folhas não coreografassem
O féretro do outono
E a chuva a gotejar!


Quisera que...
Saudade não doesse tanto
E eu...cá do meu canto,
Ao abrir a porta
Não chorasse tanto
Por aquela
Tarde...
Languidamente...Morta!




Eu chamei tantas vezes...
Ciducha




Não é verdade que viria
quando eu lhe chamasse...
eu o chamei tantas vezes
clamei tão loucamente...


Só o silêncio me respondeu...
Não cumpriu a sua promessa
não me deu seus momentos ocultos
deixou-me à mercê da solidão...


Minha pele ansiando pela sua pele
minha alma constantemente
aspirando as suas palavras
e você...
não atendeu meus chamados!


Deitei meu corpo em chamas
nas geleiras do descaso
e dormi meu sono ao acaso
sem ter você...






Quem Já Não Sentiu Ciumes?
Delasnieve Daspet




Voraz.
Um vulcão permanente.
Um sentimento indomável,
que de tão intenso faz o sangue ferver,
o coração disparar,
a boca secar.


Não existe remédio.
Quanto mais intenso mais
ultrapassamos o limite da normalidade
e acabamos devorados pela obsessão.


Ninguém está livre desta dor.
Não adianta apelar para o bom senso.
Machuca quem tem e quem é vítima.
Define bem o medo da perda,

da rejeição...


Mas quem já não passou
por este desconforto,
olhos vermelhos, mãos geladas,
ódio e amor profundo
na solidão total?


Quem já não sofreu a amargura da insônia,
da dúvida, da desconfiança,
da dor que não acaba...
Digam: quem já não sentiu ciúmes?






Ciúmes da Lua...
Dioni Fernandes Virtuoso




Sinto ciúmes da lua
que chega assim, livremente.
Sem pedir licença,
vai invadindo teu espaço,
tomando-o em seus braços.
Beija a tua boca e deixa-te fascinado
por sua luz,
refletindo emoção...
Queria ser assim ousada!
Aproveitando a janela aberta,
invadiria a tua cama
e seria tua luz de sedução...






VENTO
Eliana Ellinger (Shir)




Vento que vem... Vento que vai
Vento que busca... Vento que ofusca
Vento que prende... Vento que solta
Vento que venta é o vento que volta...
Vento que trouxe o que eu nem esperava,

Vento que trouxe o que eu nem esperava,
Vento soprando na minha jornada,
Vento girando em meu coração,
Vento tão forte, virou furacão...


Vento ventando trazendo mormaços,
Vento que em fúria me pôs nos seus braços,
Vento gritando e em meu corpo vagando,
Vento faminto, sedento, me amando...


Vento a dizer-me palavras de amor,
Vento a aquecer-me como um cobertor,
Vento selvagem que é meu senhor...

Vento... por onde estás correndo agora ?
Não sinto o teu perfume como outrora...
Volta, vento... Silencia o meu lamento...




Saudade que não passa
George Alves (Joe'A)



A saudade da mulher amada
não é como um vicio
que com o tempo passa
É como sede nunca saciada
É como fome que te consome
se faz a cada momento mais intensa.
É ferida que nunca se fecha
que em lágrimas goteja, sangra
que machuca a cada pequena lembrança
aquela lembrança que já perdeu a esperança,
que já se diluiu nos sonhos.
que se tornou fria e vazia,
Uma ausência presente,
que a realidade pertence

A certeza de não te-lá novamente
de não mais sentir o calor do seu abraço
de não mais te-lá aconchegada ao peito
nem o carinho do seu olhar,
nem ter como a tocar
É uma falta que consome a vida
se esvai a essência
se desvanece a alegria
uma crônica dependência
que nada no mundo alivia
nem as lembranças do dia a dia
nem preces, nem promessas
que seu eu pudesse faria
qualquer coisa que me permitisse nessa existencia...
Exceto se para mim ela um dia ela me dissesse que voltaria
Neste dia, é seguro, eu renasceria.



MEU AMOR
Gilda Pinheiro de Campos




Ah meu amor,
não imaginas como é grande o meu amor por você
nem a saudade e a tristeza da dor da ausencia tua...


Nem poesia, música ou o silencio das madrugadas
aliviam essa agonia que sinto e que nada cura...

Vejo passarem os dias, meses , o tempo me vencendo e eu
nada fazendo para arrancar esta dor que dilacera meu coração...


Pensando bem, nem quero porque é o que ainda me liga a você
e me tem ainda com esperança de voltar a te encontrar...

Às vezes me desespero com a tristeza
e a saudade que me acompanha dia e noite...


Me pego distraida olhando o horizonte em busca de algo,
algum sinal de que ainda posso acreditar na sua volta
Mas o dia termina, a noite chega e eu aqui sem você...

Trabalho de Arte: Marilda Ternura

2 comentários:

Carlos Roberto Lemberg disse...

Queridas amigas Idealizadoras do Blog, em especial a Poetisa Marilda.
Apresento os meus mais sinceros agradecimentos pela publicação do meu singelo rabisco de Poesia intitulada "Tristeza", é maravilhoso estar aqui incluído no meio de ilustres Poetas e Poetisas.

Querida amiga Marilda, está o Blog ficando cada dia mais lindo e com textos de primeira grandeza.

Rita Rocha disse...

Minha querida Marilda Ternura!

Parabéns, pela linda atualização deste blog, o qual faço parte.
Parabéns! Sou feliz em poder estar presente.
Vou repassar minhas poesias através deste e-mail.
Um forte abraço desejando felicidades, mil!
Beijos
Rita Rocha