17 de dez. de 2009


Solidão
Marilú Santana


Solidão é a conta isolada do terço na reza,
é a luz apagada no poste quebrado na rua,
é a flor ressequida sem o orvalho que a rega,
é a mão trêmula e tímida que tateia às cega.

É a voz engolida com amargura e desdém,
é a risada fingida ou fugindo para longe,
é a mesa vazia de um tudo sem ninguém,
é o coração sem alento já das lágrimas refém.

É a ladainha mental conjurando a tal morte,
é o resmungo repetido pela ausência doída,
é a alma despida descrente de toda a sorte,
é o abismo cavado com amargura e derrota.

É o incomensurável vácuo no espaço d’alma,
é a indiferença à vida e até à mão estendida,
é uma réstia de vela que sem brisa se apaga,
é dor gasta gemida da voz já sumida que cala!

16/11/2005


Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns poeta! Solidão é alma calada, olhar sem luz, o fundo do poço, silêncio que engole sentimentos! Beijus Anna Peralva